Elegante sempre - Janaína Depiné

Criança elegante é uma questão de educação

Lidar com a falta de educação de muitas crianças de hoje  é um desafio. E foi justamente essa a dúvida de uma leitora angustiada. Frequentemente ela recebe em casa uma amiga que tem uma criança bem mal educada que deita ou põe o pé no sofá, mexe nos objetos da casa e até mesmo nos itens pessoais da anfitriã. Atitudes que deixariam qualquer pessoa incomodada. E como já era de se esperar, não só a criança age assim, como a mãe dela também.

Realmente essa é uma situação bem delicada, mas é importante que algumas atitudes sejam tomadas.

FAZENDO O DEVER DE CASA

A boa impressão é importante não só na casa dos outros, mas também em todos os ambientes. Isso é fundamental para gerar um bom relacionamento entre as crianças e seus pais, entre a criança e o mundo.

Filhos tiranos
Pais culpados e filhos cada vez mais tiranos

1)Muita culpa e pouca educação – Acredito que a maioria (não todas, evidentemente) das mães, em função da carga excessiva de trabalho, tem terceirizado a educação dos filhos. Como a muitas crianças ficam com as babás a maior parte do tempo, são essas profissionais que as “educam”. Muitas vezes são pessoas bem intencionadas, mas que não receberam nenhum tipo de preparo com relação à orientação de conduta e de comportamento. Além disso, a relação delas com as crianças (especialmente as em idade escolar) é de empregado e “patrãozinho”. A consequência é que vemos uma enxurrada de crianças mal educadas, que não sabem se comportar a mesa, não respeitam os mais velhos e acreditam que podem mandar em tudo e todos.

2)Liberdade controlada – Quando deixar uma criança na casa de alguém estabeleça horário para buscá-la e cumpra rigorosamente esse horário, mesmo que a criança faça cena para não ir embora. “Seja teu sim, sim. Teu não, não”. Outra cena comum são pais que aproveitam que o filho está no colega para sair ou fazer compras depois do expediente e acabam atrasando para buscá-lo. Isso é um grande desrespeito.

3)Responsabilidade sua – A obrigação dos pais é de cuidar dos filhos. Pedir para alguém cuidar do seu filho deve ser por uma razão de força maior: uma consulta médica, uma emergência etc. Se quiser passear ou viajar sem ele peça ajuda a uma avó ou familiar muito próximo e de confiança.

 

O bom comportamento dos filhos deve começar  em casa.
O bom comportamento dos filhos deve começar em casa.

4)Etiqueta começa em casa – Criança educada é a que ouve “não” dentro de casa. Não tenha medo de impor limite aos seus filhos. Eles são essenciais para a formação deles.

Ensine seu filho a se comportar na casa dos outros, começando pela sua. Na minha casa não pode colocar o pé e nem mesmo comer no sofá, exceção para uma pipoca com a poltrona devidamente coberta. Também nunca precisei tirar nenhum enfeite da sala, pois desde bebês aprenderam a não mexer. Como resultado, nunca estragaram nada na casa dos outros. Mesmo o meu caçula que é  beeeeem curioso.

Ensinar modos à mesa também é responsabilidade dos pais. Exige dedicação e paciência. Eu sempre digo que educar é repetir. Não se canse de ensinar a mesma coisa mil vezes. Eu ainda estou lutando para que o caçula aceite colocar o guardanapo de pano no colo.
Outro ponto importante é ensinar as crianças a respeitarem as pessoas mais velhas. Isso inclui professores, avós, pais de colegas. O professor deu bronca? Não compre a versão do seu filho de cara. Primeiro valorize o profissional e depois tente entender a situação.

5)Alimentação flexível – Se o filho tem frescura para comer não está apto a ir para a casa dos outros. Cabe aos pais ensiná-los a serem flexíveis e usar isso como argumento para que ele coma bem. Tive um caso de uma criança que só comia bolacha recheada, inclusive no almoço. Claro que isso mostrava que essa criança não estava sendo bem educada. É que os pais, que trabalhavam excessivamente, faziam as vontades do filho para não ter conflito.

6)Disciplina já Repreender um filho é educá-lo. Agredir não educa, mas um castigo pode ser bem eficiente. Deixar a criança numa situação que não é apreciada por ela por um determinado tempo faz com que ela reflita sobre suas atitudes. Seja claro sobre o motivo pelo qual ela está ali e estabeleça um tempo para isso. Os especialistas recomendam 1 minuto para cada ano. Crianças com menos de 2 anos não devem ficar de castigo, pois ainda não entendem. Agora, nunca, nunca agrida nem com força física, nem mesmo com palavras. Geralmente crianças agressivas são fruto de um lar agressivo.

 

Disciplina e muito diálogo
Disciplina e muito diálogo

7)Seja rápido e atento As crianças costumam manter um comportamento quando ele é recompensado ou ignorado. Seu filho agiu incorretamente? Faça a advertência na hora. E se ele faz birra a cada “não” que ouve, lembre-se que por trás de criança inconveniente existe uma necessidade de chamar a atenção dos pais. Avalie se seu filho não está se sentido sozinho e desvalorizado. Converse, brinque, participe!

COMO LIDAR COM CRIANÇAS MAL EDUCADAS

1)Corrija com amor Eu sempre digo: “Meu amor, vamos tirar o pé do sofá para não sujar? Que tal se eu colocar um edredom embaixo?” Assim, eu corrijo com uma solução e não deixo a criança constrangida. Claro que há aqueles em que isso é pouco, pois são tão mal educados que ignoram o que falamos. Aí é preciso ser firme e avisar que se a criança não obedecer você terá que chamar os pais dela para levarem ela para casa. Radical, mas sempre funciona.

2)Converse com os pais – No momento oportuno, a sós com a mãe ou pai da criança, fale sobre a importância dos limites. Exponha as atitudes que são negativas, sem dizer que está se referindo a criança em questão, mas de modo genérico.

“Vejo que você é um(a) pai/mãe que esta atento(a) e por isso faço esse alerta a você, pois você sabe o quando isso é importante….” , emende para ganhar apoio do ouvinte.

Se você é cristão, gostaria de lembrar que temos que ajudar uns aos outros no caminho de Deus, encorajando, ensinando e corrigindo os próprios irmãos na fé. A palavra “admoestar” descreve bem isso que é ensinamento, a exortação e a correção.

Paulo admoestava os irmãos em vários lugares: “Por isso, vigiem! Lembrem-se de que durante três anos jamais cessei de advertir cada um de vocês disso, noite e dia, com lágrimas” Atos 20:31

Ao mesmo tempo, ele instruía os discípulos a admoestarem uns aos outros: “Exortamos vocês, irmãos, a que advirtam os ociosos, confortem os desanimados, auxiliem os fracos, sejam pacientes para com todos” (1 Tessalonicenses 5:14), e especialmente ensinava aos pais sobre a importância de admoestar os próprios filhos: “Pais, não irritem seus filhos; antes criem-nos segundo a instrução e o conselho do Senhor” (Efésios 6:4).

Portanto, não devemos ter medo de alertar quando uma amiga está errando. Lembre-se do que Paulo disse: “Irmãos, se alguém for surpreendido em alguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-lo, com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejais também tentado.” (Galátas. 6:1).

Use brandura para falar, mas não deixe de falar. A verdade é que os pais podem não entender e ficarem até chateados, mas Jesus foi muito claro ao nos ensinar: “Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: ‘Se teu irmão chegar a pecar, vai e repreendê-o, a sós tu e ele. Se te escutar, terás ganhado um irmão’” ( Mateus 18, 15-20).

Corrigir com amor e brandura é um dever, uma ordenança de Deus, mas ouvir e compreender é o papel do outro.

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