Elegante sempre - Janaína Depiné

O que aprendi ao ser mãe

Toda semana recebo ao menos um e-mail com dúvidas sobre a maternidade. Meus filhos já estão crescidos, mas acredito que muitas mães esperam que eu dê uma resposta que às conforte, acalente o coração, diminua as cobranças e ansiedades. Por isso, quero compartilhar um texto que fiz sobre o valor da maternidade. Espero que inspire você e traga luz sobre tantas dúvidas. 

De tudo o que já fiz na vida, nada se compara a ter sido mãe. Sem dúvida, é a experiência que mais nos aproxima do amor de Deus.

Com meus filhos aprendi a dividir, perder, esperar, cuidar, vigiar, confiar e entregar.

Aprendi a abrir mão de pequenos prazeres, de um corpo perfeito e de uma vida em torno de mim mesma.

Em compensação ganhei olhares apaixonados, elogios sinceros mesmo quando estou sem um pingo de produção.

Descobri que a minha simples voz é capaz de silenciar choros, que minha presença espanta bichos imaginários, meus beijos curam de machucados a dor de cabeça e que minha força segura qualquer peso, se isso ameaçar meu filho.

Me assustei ao perceber o peso das minhas palavras e passei a vigiá-las.

Descobri que se eu quisesse ter um tempo só meu, bastava acordar antes de todos ou dormir depois de todos. E funcionou desde sempre.

Suportei, com um nozinho na garganta, meu adolescente passar por mim e fingir não me ver para se sentir “gente grande”.

Atendi com urgência quando ele pediu para buscar mais cedo na escola, pois estava com uma dor que eu sei que é “saudade de casa”.

Acostumei-me a servir os outros antes de mim, cortar 60 unhas toda a semana, limpar 6 orelhas, soprar comida, queimar a mão para ver se uma mamadeira estava no ponto, passar noites em claro e assistir desenhos e seriados infantis em vez de um filme ou série favorita.

Disfarcei o choro quando o mais velho  foi morar fora. Ocupei-me muito para o tempo passar rápido, mas cada dia foi uma eternidade.

Aprendi que quando uma mãe divide um prato, ela sempre fica com a menor e pior parte.

Ao educá-los não tive compromisso com o erro. Mudei de estratégia várias vezes, certa de que uma mãe  nunca desiste. Assim, com as tentativas, desconfio que encontrei o tom certo para cada um deles.

Descobri que há somente um pequeno intervalo em que a mãe dorme a noite inteira. Depois que param de despertar para mamar, fazer xixi ou pedir aconchego pós-pesadelo, vem o tempo de esperar chegar das festas. Vida de mãe é acordada.

Me acostumei a, depois de um dia exaustivo, ir de cama em cama para fazer uma oração, um cafuné e conversar um pouquinho. Acabar dormindo tarde, me arrastando para meu quarto, mas com um sorriso de quem investiu tempo no lugar certo.

Entendi que há muitas formas de expressar o amor e que meus filhos gostam da manifestação privada. Parei de esperar um textão nas redes sociais e me alegrei com frases ditas espontaneamente em nossa privacidade. 

Vivendo tudo isso eu cresci, amadureci, me tornei mais forte e descobri que no fundo, no fundo, estou construindo grandes castelos. Muitos, no futuro, talvez nem reconheçam a autoria das minhas maiores obras, meus filhos, mas sei que nosso Pai certamente vai se orgulhar do meu incansável  trabalho.

 

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