Elegante sempre - Janaína Depiné

Perdas e ganhos de 2016

Eu até poderia fazer uma longa lista para 2017. Colocar no papel cada um dos sonhos, desejos e metas que eu deveria ter começado a conquistar há uns 15 anos, mas não sou boa com listas e nem em guardar. Nem mágoa, nem más lembranças, nem momentos difíceis, nem doces, nem roupa ou louça para ocasiões especiais. Preferi me acostumar a guardar apenas pessoas.

Guardo também sorrisos que me encantaram, olhares que me desconcertaram, gestos que me tocaram, silêncios que me marcaram. E para cada um deles uma gratidão enorme por todos os encontros que me afetaram profundamente. E como fui afetada por esses encontros neste ano.

Comigo mesma, com o outro e com Deus. Curioso é que boa parte desses encontros ocorreram enquanto eu perdia algo. Nesse perde e ganha tirei várias lições que compartilho com você.

Perdi alguns medos, ganhei confiança

Eu perdi o medo de perder, por exemplo, e com isso ganhei a curiosidade de me encontrar. Perdi o medo de errar e com isso reconheci minha humanidade. Perdi o medo de não caber… No vestido, em algum lugar, na vida de alguém… Assim descobri que eu não precisava me adequar a nenhum deles quando tinha sintonia e reciprocidade.

Perdi um amigo, valorizei o hoje

O câncer levou um tio emprestado. Desse luto, ganhei uma saudade absurda que dói quando penso, falo ou escrevo sobre ele. Ganhei sua família e a consciência de que, de fato, o hoje é tudo. Ganhei a certeza que o modo mais infeliz de ganhar algum ensino é perder alguém. Ganhei ainda mais urgência de viver.

Perdi a fé, recuperei ainda mais

A verdade é que em alguns momentos eu perdi a fé em mim, em algumas pessoas, em alguns sentimentos. E ganhei a certeza de que não importa o quanto eu perca, seja incoerente ou limitada, mesmo assim posso continuar tendo fé em Deus e em Seu amor – apesar de mim.

Perdi a linha, retomei o prumo

Confesso que em alguns momentos eu perdi o tom, os modos e com isso acabei me perdendo de mim mesma. Ganhei o conhecimento de que tinha me perdido de quem eu era e de quem desejo ser. Com isso, renovei meu compromisso comigo e os laços dessa união instável que só se fortalece assim.

Perdi a necessidade de agradar, aliviei a caminhada

Foi uma das perdas mais difíceis, das que mais me fragilizaram, pois fora ela, exatamente essa necessidade que sustentou por muitos anos algumas relações. Mas com isso ganhei a responsabilidade de amar as pessoas como elas são e me posicionar pra que eu também seja assim como sou: complicada e nada perfeitinha. Sinto que perdi alguns quilos por isso, pelo menos minhas costas estão mais leves.

Perdi rótulos, ganhei essência

Deixei de lado rótulos que me impuseram ou que sustentei por pura ignorância, imaturidade ou medo de não ser aceita. Com isso ganhei a tesoura do não julgamento que me conferiu a capacidade de cortar os rótulos que eu também coloquei ou reforcei nas pessoas. É muito bom olhar para as pessoas e pra gente mesmo como quem procura uma alma e não um produto no supermercado.

Perdi sonhos, ganhei realizações

Descobri que alguns sonhos foram feitos mesmo pra serem esquecidos. E que o novo acontece todo dia, de surpresa e pode ser muito melhor desse jeito.

Perdi o convívio, me tornei seletiva

Renovei a aliança e o convívio com velhos amigos (essas relações carecem mesmo de atualização constante) e estou cada vez mais aberta para trocar algumas palavras e compartilhar atenção e alegria com desconhecidos, mesmo que seja na fila do pão; no sinal de pedestres ou nos intervalos dos exercícios na Natação.

Perdi convicções, ganhei misericórida

Até o foco que me manteve firme tantas vezes ao longo dos anos em alguns momentos eu perdi. Me culpei muito por isso até que ganhei misericórdia e graça, o que me ajudou muito a me tratar melhor e a também ser um pouco mais flexível, amável e compreensível com o outro. Todo mundo só está tentando se encontrar. É normal errar o caminho às vezes.

Eu perdi algumas coisas, mas ganhei muito mais com todas minhas perdas. Ganhei infinitamente mais. Entre os ganhos, a gratidão. Esse poderoso termômetro do coração deixa a jornada mais leve e alegre. Traz pessoas pra perto da gente e nos distância da amargura. Nos revitaliza com o amor e nos impede de envelhecer na alma.

Como é bom poder ter tanto a agradecer mesmo em um ano tão difícil. Como é bom contemplar a beleza da vida e ver Deus, o único absoluto, em cada detalhe. Seja na sua misericórdia que se renovou a cada manhã deste ano que quase passou ou na esperança de tudo que Nele – apesar de mim – posso viver em 2017.

(Para a lista do próximo ano: Aprender a fazer listas para colocar tudo que quero agradecer, tudo que aprendi, tudo que perdi, tudo que vivi.)

Hoje, só posso agradecer! E continuar “entregando”a Deus uma folha em branco pra que Ele escreva o que é melhor pra mim. E que eu não atrapalhe Sua escrita.

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