Elegante sempre - Janaína Depiné

Victoria´s Secret faz apologia a magreza e é criticada

Apesar da indústria da moda continuar propagando um padrão de beleza esquelético, é notável que algumas marcas e grupos vem combatendo esse discurso da magreza responsável por milhares de casos de bulimia e anorexia entre as mulheres, especialmente as mais jovens. Agora a Victoria’s Secret conseguiu dar vários passos para trás com uma campanha que mais uma vez faz uma apologia a magreza excessiva.

Em um novo comercial a marca de lingerie  celebra “o corpo perfeito”, porém as modelos com tal perfeição são todas magérrimas o que imediatamente gerou uma avalanche de críticas e chegou até o Reino Unido, onde uma petição online já tem mais de 16 mil assinaturas pedindo que a Victoria’s Secret reconheça que errou. A marca ainda não se manifestou.

Numa sátira explícita, outra marca de lingerie, a Dear Kate, lançou uma campanha com mulheres com silhueta muito mais democrática do que a das Angels e também incentiva a participação na petição online. Clique aqui para ver.

 

Campanha da Victoria´s Secret x sátira da Dear Kate

Campanha da Victoria´s Secret x sátira da Dear Kate

 

Preocupação com a autoimagem

Como se sabe, boa parte das modelos internacionais tem Índice de Massa Corporal (IMC) de 14. Sendo que um número considerado abaixo de 18,5 já indica magreza excessiva, tão prejudicial para a saúde quanto a obesidade ( para calcular seu IMC divida seu peso pela sua altura ao quadrado).

Um estudo realizado na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, mostrou que o gene IRS1, que mantém as pessoas magras, está ligado ao aumento de risco da diabetes tipo 2 e a doenças cardiovasculares.

Enquanto a obesidade mata pelo menos 112 mil pessoas por ano, só nos Estados Unidos, a magreza tira a vida de pelo menos 34 mil pessoas. “Todas as manchetes são sobre os perigos da obesidade'”, diz a nutricionista e membro da Associação Dietética Britânica num alerta sobre os riscos da magreza excessiva.

Além disso, usar modelos esqueléticas significa um risco muito grande na construção da autoimagem feminina. “Uma das razões pelas quais uma menina começa uma dieta muito rigorosa é a necessidade de corresponder a um padrão estético que recompensa a magreza, ainda que em seus excessos. De acordo com diversos psiquiatras, a atual inclinação para chegar a um padrão de beleza feminina, que exalta a magreza, traz consequências devastadoras para os hábitos alimentares de muitos adolescentes”, afirmou a editora da revista Vogue italiana, Franca Sozzani numa palestra na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, em 2012.

Exemplo

Para combater esse incentivo à magreza, Israel aprovou  em 2012 uma lei que proíbe a participação de modelos muito magras em anúncios publicitários veiculados no país. Segundo o governo israelense, o objetivo da medida é erradicar a anorexia e outros distúrbios alimentares entre mulheres e crianças.

“Nós queremos quebrar a ilusão de que a modelo que nós vemos é real”, afirmou Liad Gil-Har, advogado assistente da idealizadora da lei, Dra. Rachel Adato, em referência ao uso exagerado de programas de edição nas fotos das modelos para torná-las ainda mais magras.

A medida impede que modelos com IMC (Índice de Massa Corpórea) abaixo de 18,5 participem de campanhas do país. Para isso, as modelos terão de apresentar um relatório médico de no mínimo três meses em cada sessão de fotos, para provar que não sofrem de distúrbios alimentares.

No Brasil, passos lentos

No país, um projeto similar foi criado pelo senador Gerson Camata (ES) em 2007 e, pasme, está parado.

Na versão brasileira (PLS 691/07) as empresas de eventos comerciais ou promocionais, os concursos, desfiles e as produtoras de peças publicitárias que desrespeitarem o índice mínimo de massa corporal (18,5) estarão sujeitos a multas de R$ 1 mil a R$ 5 milhões, valor que poderá ser aplicado em dobro em caso de reincidência. A punição é extensiva aos promotores de eventos e seus patrocinadores, às agências e recrutadores, além das empresas de comunicação.

Foi aprovado pelo Senado em 2010 e desde então aguarda uma audiência pública.

A esperança é que campanhas como a da Victoria´s Secret sejam eliminadas de vez da mídia para que as mulheres possam ter padrões mais democráticos de beleza, respeitando seu biotipo, cultura e cuidado com a saúde.

 

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