Elegante sempre - Janaína Depiné

Por quê deixar para amanhã?

As pessoas sempre perguntam porque eu não deixo a louça para amanhã, afinal, elas vão estar lá no outro dia me esperando. Eu respondo: exatamente por isso, elas estarão lá me esperando no outro dia.


E quando o outro dia chega é um novo dia, então, quero começar tudo de novo, é uma nova oportunidade, novas louças, usadas em outras ocasiões, por outras pessoas, com outros pratos.

 
Pensei esse texto enquanto lavava as louças que não queria deixar para amanhã. Há poucos minutos havia recebido amigas queridas em casa, enquanto lavava a louça, após eles saírem, revivia na memória os momentos que passamos, agradecia a Deus a dádiva que é ter amigos, celebrava a vida na incrível maneira que ela tem de ser simples, apresentava pedidos de oração a Deus, aqueles compartilhados enquanto comíamos juntos, voltava a fita até chegar o momento que não sobra um copo na pia, um farelo pelo chão, um prato ou panela suja…Exatamente como quando comecei a preparar tudo para receber pessoas que amo.

 
E logo me dou conta de como é bom que tudo tenha saído do lugar, que a louça tenha ficado suja, que o chão tenha sido marcado pelas delícias que saltaram da mesa cheia de pessoas em festa, que eu tenha me movido do lugar de conforto e comodidade para servir pessoas. Essa é uma dádiva! Esse é um presente!

 
Quando as pessoas queridas que recebo vão embora, não é só a casa que está fora de lugar. Eu também estou. Eu também saio do lugar comum, da rotina, da estabilidade.

 
E você pode até tão entender porque isso é bom, mas deixe-me explicar:

 

Quem chega traz sua mala de histórias

Tem gente que traz um pote de sorvete, um bolinho caseiro que eu gosto, algo que comprou em um mercado que todos vão gostar, flores, um mimo pra agradar a anfitriã. Mais do que chegar com as mãos cheias, trazem e abrem suas malas de histórias, compartilham suas experiências, contos que valem sempre boas risadas e nos deixam mais leves na vida. Isso é realmente maravilhoso!

 

Os donos da casa também podem abrir suas malas

 

E aliviá-las. O lar é lugar de intimidade, de privacidade, de simplicidade (independente se você mora em um castelo) e de verdade. Lá você pode ser quem você é e ninguém deixa de te amar por isso e é no lar o laboratório para tentativas infinitas de ser melhor a cada dia (ou pelo menos deveria ser assim).

 

Ao receber, podemos também abrir nossas próprias malas, nosso coração, diminuir o fardo, ser a gente mesmo na nossa mais velha e fiel versão e quando os convidados vão embora mesmo assim gostar mais da gente e de quem somos quando eles estão por perto. É por isso que tem visita que amamos repetir.

 

Rastros de amor

 

Quem entra em nossa casa deixa rastros de amor e pode também caminhar pelos rastros que deixamos. É lindo ver que alguém foi edificado, animado, encorajado depois de visitar a gente. É muito bom e renovador saber que você alimentou alguém com muito além do que uma refeição.

 

E conseguimos isso por meio de Cristo, da presença Dele em nossas vidas e em nosso lar. Que ao redor da mesa fiquem registrados os rastros de amor feito farelos de pão que caem ao chão, para nos fazer lembrar da comunhão que temos com Deus por meio dos irmãos.

 

Que haja alegria em partir o pão. E gratidão por não se estar sozinho. Não deixe para amanhã o convite que você pode fazer hoje. Se puder também não deixe a louça na pia.

 

Desfrute desse momento único que é o hoje até o final! Mesmo lavando a louça, mesmo limpando o chão e celebre os rastros de amor eternizados em sua memória e coração.

 

Uma canção de Asaph Borba para inspirar (vale a pena ouvi-la):

 

“Rastros de amor, foi o que eu segui
Rastros de amor, quero deixar aqui
Acima de todo o brilho do mundo, o exemplo é o que deve ficar
Para que aqueles que seguem
Meus passos nunca venham a se desviar”

 

Abraços apertados hoje e até o nosso próximo bate papo!

Thalita Daher

 

 

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