Elegante sempre - Janaína Depiné

Como lidar com a clavícula quebrada

No início do ano fui atropelada e, entre outras sequelas, quebrei a clavícula. O longo processo de recuperação me fez descobrir várias formas de facilitar a rotina e quero compartilhar tudo isso com você.
O ano tinha acabado de começar quando sofri um grave acidente que contei em detalhes aqui. Depois de ter alta da UTI começou o processo de recuperação. O mais lento, sem dúvida, foi a clavícula.

Desde o início agradeci minha clavícula quebrada (claro que não sou louca…rs…Continue lendo). É que ela amorteceu o impacto na minha cabeça e evitou que meu traumatismo craniano fosse ainda mais grave do que já foi.

Passado o susto veio uma questão prática: Como lidar com a clavícula imobilizada já que o tratamento é totalmente diferente dos outros ossos? Afinal, se você quebra a perna os médicos engessam. Se quebra o dedinho, uma tala resolve. Porém, por estar na região do tronco, simplesmente não dá para engessar a clavícula (dizem que antigamente até faziam isso, mas gerava muitos problemas, inclusive pulmonares).

Então, você terá que se conformar que não poderá mover o braço tão cedo. Aceita que dói menos. Por isso, quando saí do hospital comecei a pensar como seriam três meses amarrada, que é como a gente se sente de fato. O que aprendi eu compartilho com você que pode passar pela mesma situação ou conhecer alguém nessa.

Haja paciência

Se a paciência é a mãe das virtudes, será hora de colocar a sua à prova. Você vai precisar de um domínio próprio e controle mental especiais para não se irritar com a imobilização.

Lembre-se que um osso quebrado precisa de tempo para colar e vai exigir de você todo autocontrole para aceitar posições incômodas, pouquíssimo movimento e muito controlados.

Durma como um lorde

Confesso que dormir era a pior parte para mim. Primeiro que a posição é horrível para quem gosta de deitar de bruços, como eu. Segundo porque a rigidez me fazia acordar com dor em todo o corpo, mas vamos lá.

Dormir só em posição de Drácula, mas para facilitar eu enchia de pequenas almofadas em volta do corpo. Assim evitava me mexer na hora do sono.

Sossegue

Quanto menos se movimentar melhor, especialmente na primeira quinzena. Por isso, evite andar de carro, afinal cada buraco é uma dor extra. Ah, mas faça pequenas voltinhas à pé para pegar um sol e se movimentar.

Depois de uns 20 dias você vai se sentir melhor e querer acrescentar algumas atividades, especialmente se você for agitada como eu. Não se empolgue. Depois de um acidente você se cansa facilmente. Até tomar um singelo banho ou vestir uma roupa exigem ajuda.

Com um mês eu voltei para a musculação. Minha treinadora Miriam Maria ( amo!) preparou um treino só de membros inferiores para recuperar o meu condicionamento. Algo bem simples que para mim, há mais de 20 anos na academia, parecia uma tarefa exaustiva. No entanto, essa ajuda personalizada e no meu ritmo me ajudou demais na recuperação.

Capriche na vitamina D

Isso é uma dica não científica, mas coisa de mãe. Eu tomei Vitamina D e fiz minhas caminhadinhas diárias para pegar o sol da manhã. Uma força extra para os ossos.

Escolha a vestimenta certa

Use calças estilo pijama, mais larguinhas e de elástico. Facilita a vida para se vestir e ir ao banheiro. Meu esposo sofreu para me vestir nos primeiros dias quando eu só tinha jeans e calças mais ajustadas.

Vestir uma blusa é impossível. Então abuse das camisas de botão. Minha irmã, quando veio me visitar, ajudou experimentando algumas peças para mim, mas depois comprei algumas em sites na internet.

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Adote sapatilhas e qualquer calçado que não tenha amarração ou salto, afinal você não quer correr o risco de se desequilibrar com um braço só.

Use brincos de pressão. Descobri isso quando vi que nenhum homem da casa (esposo e dois filhos) tinha coragem de colocar um brinco em mim. Seja por inabilidade ou gastura mesmo….rs

Não dirija

Ainda que com dois meses o médico libere para dirigir com uma mão, o que o meu fez, não arrisque. Dirigir um carro com um braço é quase impossível. Além de pouca mobilidade, não há capacidade de reação eficaz desse jeito. Eu abusei do Uber e Cabify e fui muito feliz.

Mantenha a higiene

Uma das coisas que senti muita falta foi de usar fio dental. Porém, tudo melhorou quando me lembrei da fita dental para crianças que dá para passar com uma mão. Saída perfeita. Você encontra nas farmácias e de várias marcas. É conhecido como fio dental com haste, mas os vendedores nem sempre conhecem. Procure junto ao fio dental tradicional.

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Faça fisioterapia

Com três meses, já sem tipoia, meu médico liberou a fisioterapia. Acabei fazendo com minha irmã, uma grande fisioterapeuta em Uberlândia -MG. Em apenas poucas sessões, quando fui visitá-la, eu vi a diferença. Meu braço que não saia da linha da cintura agora estico até o alto.

Seja positiva e grata

Muitas pessoas vão demonstrar preocupação, farão visitar e inúmeras perguntas. Mostre-se positiva com todos à sua volta. Ninguém é obrigado a aguentar mau humor alheio, especialmente se essas pessoas estiverem ajudando você a tomar banho, se vestir e comer. Seja agradecida.

Use bem o tempo

Se você gosta de trabalhos manuais ou outros hobbies, como eu, verá que não poderá fazer nada por tão cedo. Seja criativa para ocupar bem o seu tempo. Eu li vários livros e coloquei muitas séries em dia, além de ver uma infinidade de filmes e orar muito.

Volte à rotina

Com três meses, e se fizer tudo direitinho, você terá alta. A boa notícia é que tudo vai voltando ao normal. Já voltei a dirigir e até fazer ballet. Aos poucos o corpo se readapta e você se sente grata por estar viva e novamente ativa.E o melhor de tudo, de tanto exercitar a paciência você descobrirá que ela, sim, se fortaleceu.

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