Elegante sempre - Janaína Depiné

Educação dos filhos: uma questão de elegância

A maioria (não todas, evidentemente) das mães, em função da carga excessiva de trabalho, tem terceirizado a educação dos filhos.
Como a muitas crianças ficam com as babás a maior parte do tempo, são essas profissionais que as “educam”.


Muitas vezes são pessoas bem intencionadas, mas que não receberam nenhum tipo de preparo com relação à orientação de conduta e de comportamento. Além disso, a relação delas com as crianças (especialmente em idade escolar) é de empregado e “patrãozinho”. A consequência é que vemos uma enxurrada de crianças mal educadas, que não sabem se comportar a mesa, não respeitam os mais velhos e acreditam que podem mandar em tudo e todos.

 
Além disso, precisamos dar as crianças regras claras desde pequena. Horários, compromissos, pequenas responsabilidades. Criança educada é a que ouve “não” dentro de casa. Não é preciso ter medo de impor limite aos filhos. Eles são essenciais para a formação deles.
Ensine seu filho a se comportar na casa dos outros, começando pela sua. Na minha casa não pode colocar o pé e nem mesmo comer no sofá, exceção para uma pipoca com a poltrona devidamente coberta. Também nunca precisei tirar nenhum enfeite da sala, pois desde bebês aprenderam a não mexer. Como resultado, nunca estragaram nada na casa dos outros.

 
Ensinar modos à mesa também é responsabilidade dos pais. Exige dedicação e paciência. Eu sempre digo que educar é repetir. Não se canse de ensinar a mesma coisa mil vezes.

 
Outro ponto importante é ensinar as crianças a respeitarem as pessoas mais velhas. Isso inclui professores, avós, pais de colegas. O professor deu bronca? Não compre a versão do seu filho de cara. Primeiro valorize o profissional e depois tente entender a situação.

Vida virtual

Se seu filho ainda é uma criança ele não precisa de redes sociais. Nos termos de uso do Facebook , por exemplo, está bem claro que só pode criar um perfil quem tem 13 anos ou mais.

 
Uma pesquisa feita pela MinorMonitor, nos EUA, entrevistou pais de mil crianças menores de 18 anos que estão no Facebook e 38% tinham 12 anos ou menos e 4% tinham idade de 6 anos ou menos!

 
No Brasil a situação é ainda mais grave. Mais da metade das crianças entre 6 e 9 anos está no Facebook. A pesquisa feita este ano pela AVG envolveu 400 pais e mostra que 54% das crianças têm conta no Facebook, 15% se comunicam por mensagens instantâneas e 21% ainda usam e-mail.

 
Os pequenos entram cada vez mais cedo na web , o que não é uma boa notícia. Ainda com pouco experiência de vida e autoestima em construção, podem ser vítimas fáceis do ciberbullying e de outros assédios.

 
Portanto, se seu filho é uma criança coloque filtros no computador, explique que ele não pode ter rede social com todos os porquês bem detalhados e seja clara, assim como toda mãe ensina aos filhos que ele não pode falar com estranhos na rua o mesmo vale para estranhos na internet.

 
Outro cuidado é não criar uma conta das redes sociais para seu filho (algumas pessoas fazem isso até para bebês). Será que, quando adulto, ele vai querer ter um perfil? Se a reposta for não, você já terá deixado uma pegada digital para ele. É um grande erro decidir pelos filhos. Cabe a eles, na idade certa, escolher se querem ou não ter uma rede social.

 
Já no caso dos pré-adolescentes e adolescentes não se deve ver a web como uma vilã, mas é importante uma fiscalização dos pais, checando histórico, acompanhando eventualmente a navegação e estabelecendo limites e tempo de uso da Internet. Tudo feito com um diálogo respeitoso, claro e firme que é sempre o melhor caminho na educação.

 

Superexposição das crianças

Precisamos de moderação, muita moderação. Não se deve exagerar no número de fotos dos filhos nas redes sociais. Isso revela aspectos da rotina deles que poderão deixá-los muito expostos. Horário de natação, judô, inglês, balé, escola etc. Tente não postar simultaneamente à atividade (uma ou duas horas depois é melhor) e nem identificar o local onde eles estão. Para isso basta cuidar do enquadramento da foto e não marcar o local e nem usar o Foursquare.

 
Também é necessário tomar cuidado com momentos de intimidade da criança que podem ser lindos e render uma bela foto, porém se a criança estiver apenas usando roupas íntimas ou fralda não publique. Infelizmente, existe uma legião de pedófilos ávidos por fotos assim para copiar e usar com má fé.

 
Não exponha nome completo das crianças, da escola, professores, amigos, tios é o mesmo que oferecer de bandeja uma ficha completa dos filhos nas redes sociais. Um perigo!

 
Outro ponto perigoso é elogiar demais. Todo mundo acha o seu próprio filho incrível. Então, ficar narrando a beleza, a inteligência e a precocidade do seu filho nas redes sociais só vai fazer você parecer egocêntrica.

 
O mesmo vale para elogios nas postagens dos filhos que já estão nas redes. Precisamos moderar para não constranger os adolescentes, nem ridicularizá-los perante aos colegas.

 

Recado final

 

Ter filhos é muito fácil, mas educá-los exige paciência e muita perseverança. Porém, nada se compara a essa experiência.

 

Há uma frase, cujo autor desconheço, que diz “Fala-se tanto da necessidade de deixar um planeta melhor para os nossos filhos e, esquece-se da urgência de deixarmos filhos melhores para o nosso planeta”.

 
Ao educar e ensinar bons modos, estamos certamente criando cidadãos melhores para o mundo. Pessoas que respeitam o outro, que se colocam no lugar do outro e sentem compaixão pelo outro.

 
E o que a etiqueta ensina não é nada além disso. Colocar o outro como prioridade, tratá-lo com honra, cuidar e respeitar.Se fizermos isso, certamente teremos filhos que nos trarão alegria e orgulho. Como vivi recentemente quando meu caçula abriu mão do seu lanche para entregar ao jardineiro ao lado da escola que parecia cansado e faminto. Ou meu primogênito que precisando de nota em filosofia, recebeu a prova e notou que o professor havia pontuado uma questão errada. Avisou-o e com isso perdeu o tal ponto e, consequentemente, média na matéria. Ganhou críticas de alguns colegas e muitos elogios em casa. Antes de formar um estudante com boas notas, estamos formando um filho, combinado?

Aguarde...

Quer saber das novidades?

Cadastre seu e-mail e seja notificada(o).