Elegante sempre - Janaína Depiné

Servir é uma dádiva ou um sacrifício?

Muitas mulheres. porque não aprenderam em casa ou não tiveram o incentivo necessário. veem o bem servir como um grande sacrifício. Outras acreditam que servir é uma dádiva. A realidade é que a cultura também pode influenciar o nosso modo de servir.

Recentemente, meu esposo e eu fomos almoçar na casa de uma família que podia ser a minha. Foi encantador me sentir tão em casa. A anfitriã podia ser a minha avó, me senti muito à vontade, me identifiquei com o modo que ela serve a família e os amigos da família. Conversa vai e conversa vem, descobri de onde vem a nossa familiaridade, o motivo de ficarmos tão à vontade. Somos todas descendentes de famílias árabes.

 

Pra que você entenda (se essa não é sua origem), veja o que diz este texto sobre nossa herança: “A fartura e a variedade de comida em uma mesa árabe, além de fazer parte de seu cotidiano, serve também para homenagear e mostrar o afeto do anfitrião ao seu convidado. Geralmente nestas ocasiões o anfitrião prepara um banquete que espera ser inesquecível e faz de conta que nada preparou de especial. Por sua vez, os convidados devem comer além do seu habitual para demonstrar sua satisfação com a generosidade e hospitalidade do anfitrião. Na cultura árabe, a comida representa uma importante base para a comunicação, e as refeições são o centro dos encontros familiares e círculos sociais”.

 

Definitivamente eu estava me sentindo em casa com aquela família, conhecendo aquela querida anfitriã e aprendendo com sua generosa maneira de bem servir. Saí inspirada!

Assim como para ela, para mim, cozinhar, encher a mesa de guloseimas, preparar o prato predileto das pessoas que amo e reunir muita gente ao redor da mesa não é um trabalho, é terapêutico, curador. E com os anos, fui aprendendo o quanto minha cultura influenciou nisso. Os poucos anos que convivi com minha avó materna, além de uma saudade intensa, me deixaram boas lembranças da sua cozinha, os azulejos azul e branco, o cheirinho que saía de lá, a quantidade de comida que ela fazia (e sempre achava que não ia dar), o tamanho da mesa e quantas pessoas ela conseguia reunir ao redor dela. Lembro também da habilidade para temperar carnes com condimentos diversos que a minha mãe mostrava. E na casa de um familiar e outro, ao longo dos anos, vou aprendendo uma receita nova, reforçando o talento e o prazer também de fazer e servir que estão no nosso sangue.

 

Para algumas culturas, no entanto, a minha beira ao exagero. E concordo. Tem dias que exagero mesmo. Mas na cultura do reino de Deus tenho buscado o equilíbrio necessário.

 

Onde quero chegar com isso? Que você pode ir além da sua cultura, da sua formação, da base que você teve. Que você pode, se quiser, acreditar que isso pode aquecer as relações no seu lar, viver o servir como uma dádiva e não como um sacrifício pesaroso.

 

Mesmo que você tenha aprendido com sua mãe que cozinhar e cuidar da casa te torna uma mulher fraca, ou que você nunca tenha aprendido nada sobre o assunto porque desde cedo teve que trabalhar para tomar conta de você e depois da família, ou quem sabe foi formada para ser uma executiva de sucesso e na sua lista de estudos não constava nenhum conteúdo sobre o lar ou pelo motivo que for, você pode ser quem decidir ser.

 

Isso não deve e não precisa ser imposto para você por ninguém (nem pais, marido, filhos…) mas pode ser uma decisão pessoal prazerosa e curadora assim como tem sido para mim.

 

Vez ou outra recebo uma mensagem de alguma amiga ou conhecida que acompanha o Bem Servir nas redes sociais dizendo o quanto admira ou fica cansada só de ver as minhas publicações. E sempre respondo as que admiram que estou á disposição para ajudá-las a serem felizes nesse caminho (se assim elas quiserem) e para as que ficam cansadas (e às vezes preocupadas) explico que como para mim servir é uma dádiva o que faço me distrai, renova, descansa e que entendo a preocupação e cuidado mas realmente estou me sentindo bem, que perigoso seria eu parar, me recolher e não servir.

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Perfil_colaborador_Thalita

 

 

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