Elegante sempre - Janaína Depiné

Servir não é um fardo

Servir não é um fardo, servir é uma dádiva. Dádiva é um presente, é um mimo, algo de grande valor que Deus nos conferiu. Pena que poucos entendem isso, poucos veem o real valor daquele que serve, daquele que oferta, daquele que podendo reter para si foi grandemente contagiado por Jesus que nos deixou um legado de dar, servir, cuidar, apoiar, compartilhar, zelar pelo bem do outro, e por causa dessa experiência se doa.


Jesus é a maior dádiva que Deus ofertou, Ele é a maior influência de servir que temos. À exemplo de sua peregrinação compreendemos que servir não é um fardo, servir é realmente um privilégio. Só pode fazer isso quem tem algo, por mais simples que pareça, para dar. Ele, mesmo sabendo de toda a dor, rejeição, ingratidão que suportaria, ainda assim se entregou por inteiro, sem reservas.

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Nem de longe passamos por algo parecido com o que Ele suportou (por pior que seja a dor que nos fizeram e/ou que estejamos passando) e nem sonhamos com o que ainda podemos passar (embora já oramos para que o Senhor passe de nós esse cálice), mas nas maiores e menores insatisfações cotidianas, nas reclamações constantes do marido, na ingratidão que parece inerente ao ser chamado “filho(a)”, na falta de compreensão e indiferença das pessoas ao nosso cansaço, nas nossas tempestades hormonais, passamos a ver o servir como um grande fardo, um peso impossível de carregar.

 

E não é só a gente que vê isso, as pessoas ao redor também parecem perceber esse fardo em nós. Andamos pesadas emocionalmente, a testa franzida destaca o mau humor (embora o gasto com cremes para melhorar a feição só aumente, a importância com o sorrir parece diminuir), nossos passos duros e arrastados e ombros caídas denunciam a cruz que parecemos carregar.

Ao voltar para casa do trabalho, estamos tão fadigadas que só não perdemos ainda a força para brigar e reclamar. A murmuração é tão recorrente que nem há espaço para um “bom dia” suave pela manhã. A louça na pia nos estressa, receber pessoas nos cansa, cuidar dos nossos já parece um ato grandioso demais, e já na segunda-feira o único desejo é que chegue logo o fim de semana, afinal, “estamos mortas de cansadas”. E para que o final de semana? Para ver se conseguimos dormir o máximo possível enquanto não estivermos trabalhando, servindo arduamente. Quem em algum momento da vida se identifica com a personagem dessa descrição? Ou quem não se lembra de uma irmã, mãe, tia, amiga ou sogra, alguma mulher que não esteja passando ou já passou por essa situação?

 

É difícil assumir-se, reconhecer-se nessa posição. Mas só com a consciência dessa realidade vamos conseguir romper com o engano que estamos alimentando e tornando a nossa vida e das pessoas ao redor mais difícil. Só a ciência do mal que nos fazemos pode nos permitir dar o primeiro passo na direção do bem que Deus tem pra nós. Dado o primeiro passo, saímos da ignorância, agora vamos avançar nesse conhecimento do Alto.

 

Jesus, nossa referência de serviço, nos disse que seu jugo é suave e seu fardo é leve. Ou seja, se estamos pesadas, cansadas e fadigadas demais é porque estamos carregando um peso que nós mesmas acumulamos, estamos lutando no nosso próprio braço. É como aquela mãe que vive reclamando que o filho não faz nada, mas quando deveria ensiná-lo como pode contribuir com as tarefas da casa não o faz por considerar não ter tempo para isso, ou que ele é ainda muito pequeno para ajudar ou pobrezinho, ele precisa brincar.

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Mas quando optamos por depositar tudo em Jesus, é como se entrássemos em um supermercado e ao colocar nossos itens no carrinho, Jesus os transferisse para o seu. No final, aquela grande compra estaria no carrinho de Jesus e não no nosso. Além de pagá-la, entregaria em domicílio, enquanto voltamos cantarolando, livres e saltitantes para casa. Compreende a metáfora? Não sei você, mas eu acho a parte de carregar as sacolas pesadas a mais difícil da compra, então, diz muito pra mim saber que Jesus carrega esse peso por nós. Ele suportou na cruz do calvário todo peso. Inclusive o peso dos sentimentos negativos que muitas vezes sentimos (e nutrimos). Então, entregue a Ele suas sacolas pesadas, Deixe-O trocar o fardo Dele com você. Um jugo suave, um fardo leve.

 

Conheço pessoas que estão vivendo a rotina doméstica como um grande fardo e mesmo servindo estão doentes emocionalmente. A casa impecável mas sem vida porque ninguém pode tirar nada do lugar, a despensa tem comida, mas a mesa está vazia porque se está muito cansada para fazer um almoço para a família no domingo (afinal, vai sobrar a louça), a ausência do cônjuge ou dos filhos porque a casa já não é um lar para onde eles querem voltar. Sobra serviço feito, mas falta afeto, atenção, alegria… Quando o servir se torna um fardo os frutos não aparecem. Você pode até ter a casa arrumada, fazer a comida, manter tudo no lugar, ter as melhores louças. Vai ser só uma casa, não vai ser um lar.

 

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Precisamos entender que não servimos com a mesa, a casa, mas com o coração. A mesa, a casa apenas expressa o que está no coração. Por mais simples que seja, por menos opções de toalhas, pratos e talheres que se tenha, independente do prato servido, o amor, a paz e a alegria que estão no coração é o que vai ser revelado em tudo que fazemos ao receber alguém, no cuidado diário da família.

 

Quando entendemos isso deixamos o peso de só fazer quando tivermos as melhores peças, quanto tivermos dinheiro, quando fizermos um curso de culinária, quando tivermos mais condições de oferecer melhores pratos, quando não estivermos cansadas, quando formos reconhecidas ou quando não trabalharmos fora. Servir não depende de uma condição, servir é uma vocação, um privilégio, para todas nós que dizemos sim – independente das renúncias que a vocação nos impõe.

 

Lembro-me de tempos em minha vida de casada em que eu me desdobrava nas atividades que tinha que realizar no trabalho, pós-graduação, minha casa, família e amigos. Foi um tempo muito difícil, de grande sobrecarga, custei a entender que não suportaria sozinha, que daquela forma só ia transferir o peso e cobrança para meu marido, amigos, familiares, e raras vezes para o trabalho (entendi também mais tarde que evitamos ao máximo nos tornar menos produtivas e eficientes para nossos chefes e empresas, mas em casa não pensamos duas vezes em despejar nossa insatisfação – falaremos mais sobre isso em outra conversa), nosso descontentamento e cansaço.

 
Só venci aquela fase entregando tudo a Jesus, pedindo a Ele que trocasse comigo o seu fardo, que levasse as minhas sacolas. A murmuração foi aos poucos substituída pela gratidão, a paz foi ganhando espaço e o contentamento foi chegando devagar. E assim fui sendo contagiada pelo prazer de servir, pela alegria que é receber pessoas, pela bênção que é ter família e amigos querendo ficar perto de nós, pelo privilégio que é por a mesa, alimentar as pessoas com um bom almoço, a nossa fé, amor e esperança.


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Quero incentivá-la a depositar hoje mesmo todo fardo em Jesus. Reconheça o seu cansaço, o seu desânimo, a sua apatia na vida doméstica, reconheça a sua dificuldade de cuidar do seu lar, de servir pessoas. Não deixe o servir se tornar um fardo na sua vida.
Agora que você já entregou seu fardo a Jesus, quero compartilhar três dicas importantes que vão te ajudar a servir de forma leve:

 

  1. Priorize o que é mais importante: Deus e sua família. Não coloque nada antes disso.

  2. Aprenda a dizer não (de forma elegante) e a dizer sim quando você deve e pode dizer sim. Esse é o princípio da organização da sua agenda, disciplina e rotina.

  3. Busque em Deus estratégia e alegria para servir a Ele servindo pessoas, sobretudo, cuidando da sua família, seu primeiro ministério.

 

Que você compreenda que bem servir é bênção, é dádiva de Deus.  Até nosso próximo papo! 

 

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